quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Nobel de 2017 consagra a importância da Psicologia na Economia.

Richard H. Thaler - Imagem: do G1
Neste ano, o Prêmio Nobel de Economia foi concedido ao economista norte-americano Richard H. Thaler por suas contribuições à Economia Comportamental, disciplina que juntamente com a Psicologia Econômica, integra elementos da Psicologia à Economia. O estudo premiado foi o da “Contabilidade Mental”, segundo a qual os indivíduos tratam o dinheiro de forma separada, como se colocassem em caixinhas que não se misturam. O que explica, por exemplo,  o fato de indivíduos entrarem no cheque especial enquanto possuem aplicações financeiras, pagando um rendimento bem inferior aos juros que deverão pagar. Thaler entende que a prática pode ser vista como positiva considerando que muito dificilmente o dinheiro uma vez retirado da aplicação voltará a ser aplicado.

Tais estudos nasceram das falhas da Economia, ciência cujas teorias ignoram as nossas limitações de raciocínio e os fatores que influenciam nossas decisões. Pressupondo que os indivíduos são racionais, que aprendem com os erros e que, portanto, tomam sempre as melhores decisões.

Tendo por principal objetivo a análise das operações mentais que levam os indivíduos a tomar uma decisão entre as alternativas possíveis, as ciências comportamentais consideram que nem sempre escolhemos o que é melhor para nós, principalmente nas decisões sobre gastar ou poupar nosso dinheiro, além de outras que necessitam da nossa força de vontade.

Basicamente, Richard Thaler mostrou que nosso lado impulsivo, preguiçoso, atrapalhado e guloso se sobrepõe ao nosso lado racional. Propôs aos formuladores de políticas públicas a criação de nudges (cutucões) que levem as pessoas a tomar as melhores decisões, dentro de um contexto favorável de informações denominado “Arquitetura de Escolhas”.  

Embora pouco conhecido no Brasil, o tema vem galgando espaços em programas de políticas e de Educação Financeira em países desenvolvidos, principalmente após a crise financeira mundial de 2008.
  
Atenta aos estudos de Richard Thaler, assim como de outros autores da área, a Fundação Procon-SP vem divulgando alguns conceitos que podem ajudar consumidores a evitar armadilhas decorrentes do modo de pensar intuitivo e baseado na experiência emocional. Dado que grande parte de nossos erros são previsíveis porque são cometidos pela maior parte dos indivíduos quando expostos as mesmas situações. Dessa forma, conhecendo esses erros, denominados “Vieses Cognitivos”, teremos mais chances de evitá-los.

Um desses erros é imaginar que amanhã ou na semana que vem ou ainda em qualquer data futura seremos mais controlados, disciplinados e cuidadosos com nossos gastos. E que sendo assim, não haverá mal nenhum em cometer aquele deslize no orçamento, hoje. Afinal, de que adianta trabalhar tanto e não se dar alguma compensação de vez em quando?

O problema é que esse erro chamado “Crença infundada na Força de Vontade Futura” tem levado muitas pessoas a se endividarem sem planejamento, com consequências inesperadas. Porque a maior parte das pessoas não mudam seus hábitos e, portanto, não se tornam mais disciplinadas conforme o planejado.

Neide Ayoube é especialista em defesa do consumidor da Fundação Procon-SP