Atualizado em 11/10/2017
É brincando que a criança descobre o mundo, experimenta situações, processa informações e desenvolve a sua personalidade. O processo de descoberta e aprendizagem, através do ato de brincar, vai ocorrendo naturalmente desde o início de sua vida, muito antes mesmo da escola, que é porta de entrada da educação formal.
Cantar, bater palmas, fazer roda,
correr, pular, encenar uma situação... enfim, tudo isso faz parte
do rol de brincadeiras tradicionais que acompanharam várias
gerações. Por mais que se diga que as crianças, hoje em dia, estão
perdendo o hábito de vivenciá-las, as velhas brincadeiras ainda
resistem em muitos lugares e fazem parte das culturas locais.
Os brinquedos são, também, elementos
importantes no processo de desenvolvimento da criança. Porém, os
bons brinquedos não são somente aqueles mais caros, cujo acesso só
é permitido àqueles que podem pagar por eles. Usar a criatividade e
construir os próprios brinquedos também pode ser barato, divertido
e muito motivador no que diz respeito à aprendizagem.
Ao final do especial, você também
verá algumas sugestões de textos e dicas de pesquisa para
professores sobre como unir brincadeira e aprendizagem em suas
atividades.
Brincadeiras
tradicionais
Numa época em que, aparentemente, as
crianças abandonaram as ruas e os espaços abertos para ficarem mais
tempo dentro de suas casas, às voltas com a televisão e o
videogame; as brincadeiras “analógicas”, que envolvem cantigas,
rodas, corridas, pulos, etc., ainda resistem ao tempo nas escolas,
nos clubes, nas regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos,
nas periferias, etc. As brincadeiras infantis tradicionais também
fazem parte do retrato das culturas das mais diversas regiões do
país. Basicamente, elas têm origem nas influências étnicas e
culturais que formaram a cultura brasileira: o branco, o índio e o
africano. Ao longo do tempo, foram se somando as influências dos
povos que imigraram para o país, como os orientais e outras
nacionalidades europeias, além dos portugueses.
Aqui, daremos uma amostra de algumas
brincadeiras tradicionais brasileiras; com suas regras e um breve
histórico de sua origem. É bom lembrar que, por vezes, as
brincadeiras podem variar nas regras e até nos nomes, dependendo da
região.
Pedra,
papel e tesoura
Como
brincar
Com as mãos para trás, duas crianças
escolhem entre três símbolos: pedra (mão fechada), papel (mão
aberta) e tesoura (dedos indicador e médio formando um "v").
Em seguida, ao mesmo tempo, cada um apresenta o que escolheu. Pedra
vence tesoura (porque ela a quebra); papel vence pedra (pois ele a
“embrulha”) e tesoura vence papel (pois este é cortado
facilmente). Se ambas escolhem a mesma, há empate.
Histórico
A brincadeira tem origem chinesa.
Também chamada de “joquempô”, ela se popularizou no Japão e
veio para o Brasil com os imigrantes desse país. É muito usada para
definir quem começa um jogo.
Amarelinha
Como
brincar
Há uma variação muito grande nos
modos de brincar a amarelinha, tanto em tipos de traçado (em
quadrados que formam um traçado retangular, indo do “céu” ao
“inferno”; em caracol; em quadrado; etc.), como na maneira de
pular as casas. O que é comum em todas elas é pular em um pé e
usar uma pedrinha para demarcar as casas.
1) Para começar é preciso desenhar
um caracol no chão, em formato de espiral, e dividi-lo em várias
partes (diferente do formato retangular tradicional).
2) O jogador tem que fazer todo o
trajeto pulando com um pé só, até alcançar a casa "céu".
Só lá ele pode colocar os dois pés no chão.
3) Depois de chegar ao fim, a pessoa
volta até o início, também pulando com um pé só.
4) Quem conseguir ir e voltar sem
pisar em nenhuma linha pode escolher uma das casas e fazer um desenho
ali: a partir daí, só esse jogador poderá pisar nela.
Histórico
É uma das brincadeira mais antigas e
disseminadas do mundo. Em Portugal é conhecida como jogo da macaca,
jogar ou saltar à macaca (no norte), e ainda jogo-do-homem e
pé-coxinho; em Moçambique chama-se avião ou neca; na Espanha é
chamada de cuadrillo, infernáculo, reina mora, pata coja ou rayuela;
no Chile chama-se luche; na Colômbia deram os nomes de coroza ou
golosa; nos Estados Unidos esse jogo é o hopscotch. Na Galiza, uma
comunidade independente ao norte da Espanha, o jogo tem vários
nomes: a chapa, truco, mariola, peletre, cotelo, macaca, estrícula,
entre outros.
É da França que trouxemos o nome
amarelinha, pois ali o jogo é chamado de “marelle”. O termo em
francês associou-se à cor amarela e deu origem ao nome brasileiro.
Aliás, mesmo dentro do país, a brincadeira varia de nome: cademia
(RN, PB e PE), avião (AL e RJ), boneca (PI), cancão (MA), macacão
(SE), macaco (BA), pula-pula (PB), amarelinha (SP e RJ), maré (RJ e
RS), quadrinhos (PB), queimei (SC), sapata (RS), casco (RJ), amarelas
(RJ e MG), casa de boneca (CE), céu e inferno (PB e PR), macaca (AC,
PA, AP, CE, RS e PI). Ainda que hoje a sua prática esteja muito
reduzida, tempos atrás se jogou em mais de 40 desenhos diferentes.
Peteca
Como
brincar
Formar uma roda com pelo menos três
integrantes. Quem vai começar segura a peteca com uma mão e bate
nela de baixo para cima com a outra, lançando-a para um dos outros.
Ao receber o brinquedo, essa criança o rebate, passando adiante.
Quando alguém deixa a peteca cair, sai da brincadeira. Também é
possível brincar sozinho, jogando a peteca para cima o máximo que
conseguir.
Histórico
Quando os portugueses chegaram ao
Brasil, encontraram os índios brincando com uma trouxinha de folhas
cheia de pequenas pedras, amarrada a uma espiga de milho, que
chamavam de Peteka, que em tupi significa "bater"
Queimada
Fonte: How Stuff Works
Como
brincar
1) Os participantes são divididos em
dois grupos iguais, que ficam cada um de um lado do campo. O objetivo
de cada um é "queimar" os integrantes do time adversário,
acertando um a um com a bola até que não sobre ninguém.
2) Os times tiram a sorte (par ou
ímpar, bola ao ar etc.) para decidir quem começa. Um dos jogadores
fica com a bola. Ele tem direito a um arremesso de dentro de seu
território (o limite é a linha central), e os adversários podem se
afastar o máximo que conseguirem, sem sair dos limites de sua área.
3) Se a bola não atingir ninguém e
sair rolando pelo chão, um jogador do outro time pode pegá-la e
atirá-la em direção ao pessoal do time adversário – sem sair do
ponto onde a pegou. Ele só pode andar com a bola se pegá-la no ar.
4) É queimado quem for acertado e
deixar a bola cair no chão. Essas pessoas viram “prisioneiros”
dos adversários e têm que sair da área de seu time e ir para a
“prisão” (também chamada de “cemitério”), uma faixa que
fica depois da linha de fundo do outro time.
5) Os queimados continuam jogando, só
que com menos liberdade. Eles só podem pegar a bola se ela cair
dentro da prisão. De lá, podem tentar acertar os adversários ou
passar a bola para seus companheiros de time, arremessando longe o
suficiente para que ela caia dentro do campo deles.
6) Os prisioneiros têm apenas uma
chance de voltar a jogar na área de seu time: se na primeira vez que
pegarem a bola na prisão conseguirem queimar um adversário.
7) Ganha o time que conseguir o maior
número de prisioneiros dentro do tempo estipulado (que não é fixo)
ou que conseguir queimar todos os adversários.
Existem certas variações do jogo.
Histórico
A origem do jogo não é tão bem
definida. Alguns dizem que ele teria se originado na China, outros
dizem que sua origem ocorreu no Egito. Nos EUA, o seu nome é
Dodgeball e é praticado como esporte, onde são realizadas
competições oficiais. Já no Brasil, a queimada é uma prática
mais difundida nas escolas e nas ruas, como forma de recreação.
Os nomes dados ao jogo aqui também
variam bastante: Baleada ou Queimada (Paraíba); bola queimada
(Paraná); caçado (Paraná e Rio Grande do Sul); mata-mata (Santa
Catarina); queimado (Pernambuco); carimba (Ceará); carimbada
(Uberlândia).
Caçapinha
Como
brincar
Há vários tipos de jogos que
utilizam bolinhas de gude, onde variam as regras, o número de
participantes e o jeito de jogar. Este jogo é chamado de caçapinha
e, segundo o Mapa de Brincar (elaborado pela Folha de São Paulo),
teve origem no município paulista de Itápolis.
1) Com uma colher, os participantes
fazem seis buracos na terra. Os buracos (caçapinhas) ficam na forma
de um "L", com uma distância de quatro palmos de um para
outro.
2) Os jogadores têm que acertar as
bolinhas de gude nas caçapinhas na ordem em que elas estão.
3) Ganha quem acertar mais buracos ou
quem mais se aproximar deles - a dica é medir com a palma da mão. O
vencedor ganha uma bolinha.
No site do Mapa do Brincar (Folha de
São Paulo), você encontra as regras ilustradas desse jogo.
Histórico
A origem das bolinhas de gude é
incerta. Há registros de brincadeiras na Antiguidade que utilizavam
nozes, sementes e pedras. As primeiras bolinhas de vidro teriam
surgido na Roma antiga. No Brasil, as bolinhas trazidas pelos
portugueses foram apelidadas “de gude” em referência ao nome das
pedras redondas e lisas retiradas dos leitos dos rios. No interior do
país, o jogo recebeu uma dezena de nomes diferentes, tais como
baleba, bilosca, birosca, bolita, fubeca, entre outras.
Dentro,
fora
Como
brincar
1) Enquanto pula, o participante canta
a música abaixo:
"Dentro / Fora / Dentro / Pisou /
Saiu / Rodou"
2) Ao dizer cada uma das palavras,
pula com os dois pés para dentro e, depois, com os dois pés para
fora, um para cada lado do elástico.
3) Na palavra "pisou", é
preciso pisar com os dois pés em cima das linhas.
4) Na última palavra "rodou",
salta para fora e dá meia-volta, ficando com pés paralelos de
frente para o elástico.
Regras
- Dois participantes seguram o
elástico e um terceiro pula.
- Quem errar passa a vez para o outro
participante.
- O elástico geralmente começa no
tornozelo, depois sobe para o joelho, para a coxa e para o quadril.
Algumas crianças pulam com o elástico na altura dos ombros e da
cabeça.
- Cada vez que o participante acerta a
sequência toda, o elástico sobe; passa do tornozelo para o joelho,
por exemplo.
No site do Mapa do Brincar (Folha de São Paulo), você encontra as regras ilustradas da brincadeira.
Histórico
As brincadeiras que envolvem elásticos
remontam à Idade Média. Aliás, o elástico faz parte do conjunto
de brincadeiras de pular. Na Grécia e Roma antigas, pular corda era
um comportamento muito utilizado para celebrar a chegada das novas
estações.
Conheça
outras brincadeiras populares no Brasil
-
Mapa do Brincar (Folha de São Paulo)
O Mapa do Brincar é uma iniciativa da
"Folhinha", suplemento infantil do jornal Folha de São
Paulo. O site reúne hoje 750 brincadeiras de todo o país, coletadas
diretamente com as crianças que moravam nas mais diversas regiões.
As brincadeiras também são divididas por regiões.
-
Brincadeiras Regionais (Site da Revista Nova Escola)
Desenvolvido pela Revista Nova Escola,
o site "Brincadeiras Regionais" reúne informações e
vídeos sobre 40 brincadeiras populares de todas as regiões do
Brasil.
-
100 Brincadeiras
O Canal Delas, do portal iG, permite a
consulta à lista de 100 jogos e passatempos para as crianças. A
busca pode ser feita por faixa etária, local de brincar e qual
estímulo será provocado (criatividade, equilíbrio, força,
cooperação, concentração, etc.).
Fazendo
os seus próprios brinquedos
Os brinquedos são uma grande
ferramenta de aprendizagem para a criança. Eles ajudam a desenvolver
a coordenação motora, a atenção, a concentração e estimulam a
imaginação. Para tanto, não é preciso comprar brinquedos caros
para as crianças. Usando a criatividade, até materiais simples,
como sucata e materiais recicláveis, podem se transformar em
brinquedos divertidos, estimulantes e educativos. Até o próprio
processo de “fabricação” do brinquedo pode virar uma grande
recreação.
A seguir, mostramos como fazer
brinquedos simples com materiais diversos (garrafas PET, latas,
papelão, madeira e outros). Então, mãos à obra!
Bambolê
Material
- 1,5 m de mangueira de gás ou outro
tipo de mangueira mais rígida (ou 60 cm para as crianças menores)
- Fita crepe
- Arroz, pedrinhas, guizos ou sementes
Como
fazer
Faça um aro com o pedaço de 1,5 m de
mangueira, unindo as pontas com a fita crepe. Se o bambolê for para
uma criança menor, faça o mesmo com o pedaço de 60 cm. Se quiser
que o bambolê faça um barulhinho ao ser movimentado, escolha algo
como grãos de arroz, pedrinhas, guizos ou sementes para colocar
dentro da mangueira, antes de fechar o aro.
Como
brincar
É só colocar o bambolê na cintura e
rodá-lo. Para mantê-lo girando, é preciso movimentar o quadril,
rebolando. Além da cintura, o bambolê pode ser girado no pescoço,
nos braços e nas pernas. Outras brincadeiras podem ser feitas com o
bambolê, como competição para ver quem consegue manter o brinquedo
rodando por mais tempo; jogar para cima e tentar encaixar nos braços;
entre outras muitas.
Pé
de lata
Material
- 2 latas de mesmo tamanho (pode ser
de achocolatado, leite em pó, etc.)
- 2 cordas de 1,2 m (ou varal de
roupas)
Como
fazer
1) Pegue uma lata e faça dois furos
no fundo dela, que devem ser opostos entre si (não podem ser feitos
no meio).
2) Passe uma corda pelos furos e una
as pontas com um nó bem forte dentro da lata. Coloque a tampa.
3) Faça o mesmo procedimento com a
outra lata.
4) Se quiser, decore as latas como
preferir: pintando, colando retalhos de plástico, tecidos ou papel,
etc.
Como
brincar
Basta subir nas latas e tentar se
equilibrar segurando nas cordas. Além do desafio do equilíbrio, a
brincadeira pode ficar mais divertida se houver uma corrida entre
competidores, devidamente montados em suas latas.
Massa
de modelar caseira
Material
- 4 xícaras de farinha de trigo
- 1 xícara de sal
- 1 e 1/2 xícara de água
- 2 colheres (sopa) de óleo
- 1 colher (sopa) de vinagre
- corante alimentar líquido de
diversas cores (ou suco em pó, se preferir)
Como
fazer
1) Separe todos os ingredientes (com
exceção do corante ou do suco) e coloque-os em uma tigela grande,
misturando-os com as mãos. Não há ordem a ser seguida.
2) Em uma xícara, dilua 2 colheres de
sopa de suco em pó ou gotas de corante. Acrescente na mistura.
3) Sove bem a massa. O ponto ideal é
a consistência de massa de biscoito. Se estiver seca ou quebradiça,
acrescente mais água. Se estiver muito grudenta, acrescente mais
óleo. Se estiver muito mole demais, ponha um pouco mais de farinha.
Prefere um colorido mais forte? Use mais corante ou suco.
4) Guarde a massa em potes, ou vidros,
secos com tampa. Não é necessário guardar na geladeira, a menos
que você prefira. Se começar a secar ao longo do tempo, adicione um
pouco de água. A vantagem dessa massa é que que ela não é tóxica.
É possível que o suco em pó seja mais fácil de ser encontrado do
que o corante. Porém, se quiser evitar que as crianças pequenas
levem a massinha à boca, por causa do aroma de frutas do suco,
prefira, então, o corante.
Como
brincar
É só usar a imaginação! As
massinhas de modelar permitem que a criança crie formas variadas,
como bonecos, formas geométricas, entre outras.
Pipa
feita com jornal
Material
- Quadrado de folha de jornal com 32
cm de lado
- Linha
- Palito
Como
fazer
1) Pegue o quadrado de jornal e,
apenas para marcar o papel, dobre a folha ao meio, formando um
triângulo.
2) Abra a folha deixando a marca em
posição vertical e vire para trás a ponta de cima.
3) Com um palito, faça um furo em
cada uma das outras pontas.
4) Corte um pedaço de linha de 30
centímetros, passe pelos furos das pontas direita e esquerda e
amarre.
5) Agora faça a rabiola. Corte 70
centímetros de linha e amarre tirinhas de jornal nela, uma seguida
da outra. Prenda esse fio na ponta de baixo.
6) Por fim, fixe a linha do carretel
no centro do fio preso nas laterais.
Como
brincar
Fonte: Biblioteca Virtual de São Paulo