Por André Luiz Lopes do Santos*
Matéria publicada na edição de hoje da Folha (06/03/14), sob o título “Segunda etapa do leilão do 4G vai engordar superávit do governo”, desperta novas preocupações nos órgãos de defesa do consumidor. Segundo ali relatado, visando conseguir uma arrecadação mais elevada, o Governo Federal acena para as Companhias de Telecom com a possibilidade de conferir a elas a ‘maior redução possível’ das obrigações das vencedoras da 2ª. etapa do leilão do 4G, no tocante à qualidade dos serviços e do alcance da cobertura do serviço.
Matéria publicada na edição de hoje da Folha (06/03/14), sob o título “Segunda etapa do leilão do 4G vai engordar superávit do governo”, desperta novas preocupações nos órgãos de defesa do consumidor. Segundo ali relatado, visando conseguir uma arrecadação mais elevada, o Governo Federal acena para as Companhias de Telecom com a possibilidade de conferir a elas a ‘maior redução possível’ das obrigações das vencedoras da 2ª. etapa do leilão do 4G, no tocante à qualidade dos serviços e do alcance da cobertura do serviço.
Em
relação ao maior dos blocos em disputa, o vencedor estaria, nos
termos da matéria, literalmente ‘livre de obrigações’ e, além
disso, teria o ‘prêmio’ de poder cobrar (ainda) mais caro
daqueles que quisessem contratar velocidades maiores de acesso e
tráfego na Internet (por exemplo, de empresas como a Netflix, que
distribui conteúdos em vídeo).
O
comprometimento da qualidade dos serviços (já muito abaixo daquela
alardeada nos anúncios publicitários dessas empresas) e, desta
feita, também do alcance da cobertura dos serviços (que, a teor da
matéria, terá como conseqüência quase inevitável o não
atendimento às cidades menores), só vem reforçar a percepção,
por parte dos órgãos de defesa do consumidor, no sentido da não
incorporação adequada da perspectiva dos consumidores, em nosso
processo regulatório.
A
julgar pelas campanhas publicitárias dessas Companhias, aqui
deveríamos ter a banda larga mais estável e veloz que a tecnologia
permite, além da cobertura mais ampla que pudéssemos imaginar. Fora
dos anúncios publicitários, no entanto, a realidade continua muito
(muito
mesmo!)
diferente disso.
Desnecessários
maiores aprofundamentos, neste breve texto, quanto à insatisfação
dos consumidores diante da renitente falta de qualidade dos serviços
das empresas de Telecom, no Brasil. Os números dos atendimentos dos
Procons de todo o País mostram, a cada ano, sistematicamente, que
este tem sido um setor para o qual, até hoje, o processo regulatório
não tem gerado os efeitos que dele devemos esperar.
Nos
números do RankingOnline da
Fundação Procon-SP de hoje, o retrato em tempo real da ‘satisfação’
de nossos consumidores com as empresas de Telecom: as 4 maiores do
setor estão todas entre as 10 mais demandas – e as 2 maiores, no
Estado de São Paulo, ocupam as 2 primeiras posições, bem à frente
da terceira empresa com mais registros.
Ao
que parece, uma vez mais, esses números permanecem ‘de fora’ das
discussões, na mesa dos responsáveis pela regulação do setor, em
mais essa etapa de sua expansão, no caminho do 4G.
* André Luiz Lopes do Santos é assessor chefe da Diretoria Executiva do Procon-SP
* André Luiz Lopes do Santos é assessor chefe da Diretoria Executiva do Procon-SP